Quando falamos de motivação perguntamo-nos sempre se se trata de um conceito intrínseco ou se, pelo contrário, é algo extrínseco em que a função da empresa tem um papel determinante. A realidade é que tanto num caso como noutro a empresa deve manter a motivação dos colaboradores, inclusive reforçá-la, e em nenhum caso deixar que esmoreça.
Quais são os requisitos principais para que a motivação floresça no local de trabalho?
Em primeiro lugar, é essencial ter os conhecimentos e as capacidades necessárias para levar a cabo o desenvolvimento das nossas atividades.
Depois, estarmos preparados física e mentalmente para os desafios que enfrentamos.
Por último, e muito importante sentirmo-nos parte de um projeto comum.
A verdade é que em momentos de crise, tanto do ponto de vista pessoal como do ponto de vista profissional, deixamos de lado aspetos tão importantes como os referidos, passando-os para segundo plano.
O que acontece primeiro?
Os dados macroeconómicos entram em rutura, os telejornais, a imprensa, todos os meios de comunicação informam-nos pontualmente sobre a gravidade da situação e começamos a ver como esses dados afetam o nosso ambiente: as lojas do nosso bairro começam a fechar, conhecidos nossos, vizinhos, amigos, muitos perdem os empregos, os que ainda o mantêm veem os salários baixar e suportam a subida de impostos, tudo isso para efeitos da recuperação.
Esta situação de crise tornou-se já parte inseparável de nós, impregna cada coisa em que tocamos e isso inevitavelmente contagia a nossa confiança.
O desânimo apodera-se de nós e isso afeta-nos fisicamente, o nosso rendimento diminui e custa-nos mais levar a cabo as tarefas do nosso dia a dia.
Como reagem as empresas?
Ajustando os orçamentos, limitando os gastos e reduzindo as horas de formação como formas de poupanças, sem se darem conta de que a formação e o desenvolvimento são os pontos que nos vão permitir estar preparados para quando sairmos da crise.
Outra prática habitual é limitar a informação disponibilizada aos colaboradores, os riscos pelos quais passa o negócio, o potencial fecho de atividades, as deslocalizações e as possíveis reduções de postos de trabalho.
Tudo junto, o desgaste físico e mental, a perda de confiança em nós mesmos, aumentada pela falta de formação e desenvolvimento, e a falta de comunicação que nos faz sentir excluídos do que está a acontecer, torna-se na tempestade perfeita para que a motivação desapareça em qualquer de nós.
Por tudo isto, perante a crise a melhor receita para manter a motivação em níveis ótimos passa por continuar a desenvolver as equipas, potenciar as nossas capacidades e assim estar melhor preparados para a travessia do deserto que é a crise. Ganhar resistência, estar na melhor posição para enfrentar dificuldades e sobretudo prepararmo-nos para poder sair em primeiro quando vislumbrarmos a luz ao fundo do túnel.
Comunicar, comunicar, comunicar sempre! Somos adultos, estamos preparados, saber o que acontece faz-nos querer participar, sentimo-nos úteis. Isso permite-nos reunir esforços e dar o melhor de nós mesmos, reforça a solidariedade, o sentido de dever e, mais importante ainda, faz-nos sentir parte de um projeto comum onde o nosso papel é fundamental.
Com todos estes ingredientes, a nossa autoestima aumenta, a energia sobe e canaliza-se através do que fazemos; e usamos a crise como uma alavanca para motivar-nos a cada dia, dando o melhor de nós mesmos.
Por Alejandra López-Baissón, in Humanet